Hoje é comemorado o:
Dia do Carpinteiro, Brasil.
Dia do Marceneiro, Beasil.
Dia do Pai, Angola, Bélgica, Espanha, Itália,
Portugal.
Dia Mundial do Transtorno Bipolar, ONU.
Festival de Eostre, deusa da fertilidade e do renascimento,
Mitologia Nórdica.
Festival dedicado a Salus, Mitologia
Romana.
O que eu comi hoje:
30/03//19 (sábado) 58kg400 Pressão:
13 x 8
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Desjejum Almoço Lanche Jantar
9h30 12h30 30h00 19h00
Mamão Salada
mista iogurte chá de erva-doce
Aipim Arroz - bolo
Café com Leite
Frango assado - torrada
Bolo Coalhada
com - -
Tapioca várias
frutas - -
Desjejum: mamão, café com leite,
aipim, bolo e tapioca.
Almoço: salada mista, arroz, frango
assado.
Sobremesa: coalhada com várias
frutas, aveia e granola.
Lanche: iogurte com salada de
frutas, aveia e granola.
Jantar: chá de erva-doce, bolo,
torrada.
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A
frase do dia: “Viva o Brasil, onde o ano inteiro é
primeiro de abril” (FERNANDES, Millôr apud Jornal A Tarde, de 30 de março de 2019. Caderno
2. Pág. 2).
Em 30 de março de 2910,
inauguração da Ponte Estaiada João Isidoro França projetada para as comemorações
dos 150 anos de Teresina.

Em 30 de março de 1993, nasceu a cantora brasileira Anitta.
Em 30 de março de 2015, morreu o jurista brasileiro Messias Pereira Donato.

Li o jornal A
Tarde, 30 de março de 2019, sábado, a seguinte manchete em capa: “Polêmica – Juíza veta comemorações pela intervenção
militar de 1964”. Medida tem valor mais simbólico do que prático, pois uma
cerimônia já foi realizada em Brasília ontem.

Li no Jornal Folha
de São Paulo, de 30 de março de 2019, sábado, a seguinte manchete em capa: “Polêmica – Juíza proíbe governo de comemorar
golpe de 1964”. Decisão de magistrada cita prevalência dos direitos humanos
na Constituição de 1989.

Li no Jornal O
Estado de São Paulo, de 30 de março de 2019, sábado, a seguinte manchete em
capa: “Desemprego – Em 4 anos, desalento
triplica entre jovens e atinge 1,76 milhão”. Faixa de até 24 anos sofre com
desemprego acima de 27%, vagas formais fechadas e renda em queda; com isso, desiste
de procurar uma colocação.

Li no site SRzd, de 30 de março de 2019,
sábado, a seguinte manchete em capa: “Paulo Coelho conta como
foi torturado por militares durante a ditadura”

Pauç
28 de maio de 1974: um grupo
de homens armados invade meu apartamento. Começam a revirar gavetas e armários
– não sei o que estão procurando, sou apenas um compositor de rock. Um deles,
mais gentil, pede que os acompanhe “apenas para esclarecer algumas coisas”. O
vizinho vê tudo aquilo e avisa minha família, que entra em desespero. Todo
mundo sabia o que o Brasil vivia naquele momento, mesmo que nada fosse
publicado nos jornais.
Sou levado para o DOPS (Departamento de Ordem Política e
Social), fichado e fotografado. Pergunto o que fiz, ele diz que ali quem
pergunta são eles. Um tenente me faz umas perguntas tolas, e me deixa ir
embora. Oficialmente já não sou mais preso: o governo não é mais responsável
por mim. Quando saio, o homem que me levara ao DOPS sugere que tomemos um café
juntos. Em seguida, escolhe um táxi e abre gentilmente a porta. Entro e peço
para que vá até a casa de meus pais – espero que não saibam o que aconteceu.
No caminho, o táxi é fechado
por dois carros; de dentro de um deles sai um homem com uma arma na mão e me
puxa para fora. Caio no chão, sinto o cano da arma na minha nuca. Olho um hotel
diante de mim e penso: “não posso morrer tão cedo”. Entro em uma espécie de
catatonia: não sinto medo, não sinto nada. Conheço as histórias de outros
amigos que desapareceram; sou um desaparecido, e minha última visão será a de
um hotel. Ele me levanta, me coloca no chão do seu carro, e pede que eu coloque
um capuz.
O carro roda por talvez meia hora. Devem estar escolhendo um
lugar para me executarem – mas continuo sem sentir nada, estou conformado com
meu destino. O carro para. Sou retirado e espancado enquanto ando por aquilo
que parece ser um corredor. Grito, mas sei que ninguém está ouvindo, porque
eles também estão gritando. Terrorista, dizem. Merece morrer. Está lutando
contra seu país. Vai morrer devagar, mas antes vai sofrer muito.
Paradoxalmente, meu instinto de sobrevivência começa a retornar aos poucos.
Sou levado para a sala de
torturas, com uma soleira. Tropeço na soleira porque não consigo ver nada: peço
que não me empurrem, mas recebo um soco pelas costas e caio. Mandam que tire a
roupa. Começa o interrogatório com perguntas que não sei responder. Pedem para
que delate gente de quem nunca ouvi falar. Dizem que não quero cooperar, jogam
água no chão e colocam algo nos meus pés, e posso ver por debaixo do capuz que
é uma máquina com eletrodos que são fixados nos meus genitais.
Entendo que, além das
pancadas que não sei de onde vêm (e, portanto, não posso nem sequer contrair o
corpo para amortecer o impacto), vou começar a levar choques. Eu digo que não
precisam fazer isso, confesso o que quiser, assino onde mandarem. Mas eles não
se contentam. Então, desesperado, começo a arranhar minha pele, tirar pedaços
de mim mesmo. Os torturadores devem ter se assustado quando me veem coberto de
sangue; pouco depois me deixam em paz. Dizem que posso tirar o capuz quando
escutar a porta bater. Tiro o capuz e vejo que estou em uma sala a prova de
som, com marcas de tiros nas paredes. Por isso a soleira.
E são essas décadas de
chumbo que o Presidente Jair Bolsonaro – depois de mencionar no Congresso um
dos piores torturadores como seu ídolo – quer festejar nesse dia 31 de março.
No dia seguinte, outra
sessão de tortura, com as mesmas perguntas. Repito que assino o que desejarem,
confesso o que quiserem, apenas me digam o que devo confessar. Eles ignoram
meus pedidos. Depois de não sei quanto tempo e quantas sessões (o tempo no inferno
não se conta em horas), batem na porta e pedem para que coloque o capuz. O
sujeito me pega pelo braço e diz, constrangido: não é minha culpa. Sou levado
para uma sala pequena, toda pintada de negro, com um ar-condicionado
fortíssimo. Apagam a luz. Só escuridão, frio, e uma sirene que toca sem parar.
Começo a enlouquecer, a ter visões de cavalos. Bato na porta da “geladeira”
(descobri mais tarde que esse era o nome), mas ninguém abre. Desmaio. Acordo e
desmaio várias vezes, e em uma delas penso: melhor apanhar do que ficar aqui
dentro.
Quando acordo estou de novo
na sala. Luz sempre acesa, sem poder contar dias e noites. Fico ali o que
parece uma eternidade. Anos depois, minha irmã me conta que meus pais não
dormiam mais; minha mãe chorava o tempo todo, meu pai se trancou em um mutismo
e não falava.
Já não sou mais interrogado.
Prisão solitária. Um belo dia, alguém joga minhas roupas no chão e pede que eu
me vista. Me visto e coloco o capuz. Sou levado até um carro e posto na mala.
Giram por um tempo que parece infinito, até que param – vou morrer agora?
Mandam-me tirar o capuz e sair da mala. Estou em uma praça com crianças, não
sei em que parte do Rio.
Vou para a casa de meus
pais. Minha mãe envelheceu, meu pai diz que não devo mais sair na rua. Procuro
os amigos, procuro o cantor, e ninguém responde aos meus telefonemas. Estou só:
se fui preso devo ter alguma culpa, devem pensar. É arriscado ser visto ao lado
de um preso. Saí da prisão, mas ela me acompanha. A redenção vem quando duas
pessoas que sequer eram próximas de mim me oferecem emprego. Meus pais nunca se
recuperaram.
Décadas depois, os arquivos
da ditadura são abertos e meu biógrafo consegue todo o material. Pergunto por
que fui preso: uma denúncia, ele diz. Quer saber quem o denunciou? Não quero.
Não vai mudar o passado.
E são essas décadas de
chumbo que o Presidente Jair Bolsonaro – depois de mencionar no Congresso um
dos piores torturadores como seu ídolo – quer festejar nesse dia 31 de março.
Até amanhã meus
fiéis seguidores.
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