sexta-feira, 29 de março de 2019

30 de abril de 2019 (6a. feira)

Hoje é comemorado o:

Dia do Carpinteiro, Brasil.
Dia do Marceneiro, Beasil.
Dia do Pai, Angola, Bélgica, Espanha, Itália, Portugal.
Dia Mundial do Transtorno Bipolar, ONU.
Festival de Eostre, deusa da fertilidade e do renascimento, Mitologia Nórdica.
Festival dedicado a Salus, Mitologia Romana. 

          O que eu comi hoje:

30/03//19 (sábado)                            58kg400               Pressão: 13 x 8
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Desjejum                              Almoço                 Lanche                 Jantar 
9h30                                     12h30                    30h00                      19h00 
Mamão                                                Salada mista       iogurte                  chá de erva-doce
Aipim                                    Arroz                      -                               bolo                                                                                   
Café com Leite                   Frango assado     -                            torrada   
Bolo                                       Coalhada com    -                                -                                         
Tapioca                                várias frutas         -                             -              
Desjejum: mamão, café com leite, aipim, bolo e tapioca.
Almoço: salada mista, arroz, frango assado.
Sobremesa: coalhada com várias frutas, aveia e granola.
Lanche: iogurte com salada de frutas, aveia e granola.
Jantar: chá de erva-doce, bolo, torrada.
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        A frase do dia: “Viva o Brasil, onde o ano inteiro é primeiro de abril” (FERNANDES, Millôr apud Jornal A Tarde, de 30 de março de 2019. Caderno 2. Pág. 2). 
 

        Em 30 de março de 2910, inauguração da Ponte Estaiada João Isidoro França projetada para as comemorações dos 150 anos de Teresina.





           Em 30 de março de 1993, nasceu a cantora brasileira Anitta.

           Em 30 de março de 2015, morreu o jurista brasileiro Messias Pereira Donato.
           Li o jornal A Tarde, 30 de março de 2019, sábado, a seguinte manchete em capa: “Polêmica – Juíza veta comemorações pela intervenção militar de 1964”. Medida tem valor mais simbólico do que prático, pois uma cerimônia já foi realizada em Brasília ontem. 

Sábado, 30/03/2019
          Li no Jornal Folha de São Paulo, de 30 de março de 2019, sábado, a seguinte manchete em capa: “Polêmica – Juíza proíbe governo de comemorar golpe de 1964”. Decisão de magistrada cita prevalência dos direitos humanos na Constituição de 1989.


Capa Folha de S.Paulo 2019-03-30


          Li no Jornal O Estado de São Paulo, de 30 de março de 2019, sábado, a seguinte manchete em capa: “Desemprego – Em 4 anos, desalento triplica entre jovens e atinge 1,76 milhão”. Faixa de até 24 anos sofre com desemprego acima de 27%, vagas formais fechadas e renda em queda; com isso, desiste de procurar uma colocação.

Capa O Estado de Sao Paulo 2019-03-30


             Li no site SRzd, de 30 de março de 2019, sábado, a seguinte manchete em capa: Paulo Coelho conta como foi torturado por militares durante a ditadura”


 
Pauç
28 de maio de 1974: um grupo de homens armados invade meu apartamento. Começam a revirar gavetas e armários – não sei o que estão procurando, sou apenas um compositor de rock. Um deles, mais gentil, pede que os acompanhe “apenas para esclarecer algumas coisas”. O vizinho vê tudo aquilo e avisa minha família, que entra em desespero. Todo mundo sabia o que o Brasil vivia naquele momento, mesmo que nada fosse publicado nos jornais.
Sou levado para o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), fichado e fotografado. Pergunto o que fiz, ele diz que ali quem pergunta são eles. Um tenente me faz umas perguntas tolas, e me deixa ir embora. Oficialmente já não sou mais preso: o governo não é mais responsável por mim. Quando saio, o homem que me levara ao DOPS sugere que tomemos um café juntos. Em seguida, escolhe um táxi e abre gentilmente a porta. Entro e peço para que vá até a casa de meus pais – espero que não saibam o que aconteceu.
No caminho, o táxi é fechado por dois carros; de dentro de um deles sai um homem com uma arma na mão e me puxa para fora. Caio no chão, sinto o cano da arma na minha nuca. Olho um hotel diante de mim e penso: “não posso morrer tão cedo”. Entro em uma espécie de catatonia: não sinto medo, não sinto nada. Conheço as histórias de outros amigos que desapareceram; sou um desaparecido, e minha última visão será a de um hotel. Ele me levanta, me coloca no chão do seu carro, e pede que eu coloque um capuz.
 



Escritor Paulo Coelho. Foto: Divulgação

O carro roda por talvez meia hora. Devem estar escolhendo um lugar para me executarem – mas continuo sem sentir nada, estou conformado com meu destino. O carro para. Sou retirado e espancado enquanto ando por aquilo que parece ser um corredor. Grito, mas sei que ninguém está ouvindo, porque eles também estão gritando. Terrorista, dizem. Merece morrer. Está lutando contra seu país. Vai morrer devagar, mas antes vai sofrer muito. Paradoxalmente, meu instinto de sobrevivência começa a retornar aos poucos.
Sou levado para a sala de torturas, com uma soleira. Tropeço na soleira porque não consigo ver nada: peço que não me empurrem, mas recebo um soco pelas costas e caio. Mandam que tire a roupa. Começa o interrogatório com perguntas que não sei responder. Pedem para que delate gente de quem nunca ouvi falar. Dizem que não quero cooperar, jogam água no chão e colocam algo nos meus pés, e posso ver por debaixo do capuz que é uma máquina com eletrodos que são fixados nos meus genitais.
Entendo que, além das pancadas que não sei de onde vêm (e, portanto, não posso nem sequer contrair o corpo para amortecer o impacto), vou começar a levar choques. Eu digo que não precisam fazer isso, confesso o que quiser, assino onde mandarem. Mas eles não se contentam. Então, desesperado, começo a arranhar minha pele, tirar pedaços de mim mesmo. Os torturadores devem ter se assustado quando me veem coberto de sangue; pouco depois me deixam em paz. Dizem que posso tirar o capuz quando escutar a porta bater. Tiro o capuz e vejo que estou em uma sala a prova de som, com marcas de tiros nas paredes. Por isso a soleira.
E são essas décadas de chumbo que o Presidente Jair Bolsonaro – depois de mencionar no Congresso um dos piores torturadores como seu ídolo – quer festejar nesse dia 31 de março.
No dia seguinte, outra sessão de tortura, com as mesmas perguntas. Repito que assino o que desejarem, confesso o que quiserem, apenas me digam o que devo confessar. Eles ignoram meus pedidos. Depois de não sei quanto tempo e quantas sessões (o tempo no inferno não se conta em horas), batem na porta e pedem para que coloque o capuz. O sujeito me pega pelo braço e diz, constrangido: não é minha culpa. Sou levado para uma sala pequena, toda pintada de negro, com um ar-condicionado fortíssimo. Apagam a luz. Só escuridão, frio, e uma sirene que toca sem parar. Começo a enlouquecer, a ter visões de cavalos. Bato na porta da “geladeira” (descobri mais tarde que esse era o nome), mas ninguém abre. Desmaio. Acordo e desmaio várias vezes, e em uma delas penso: melhor apanhar do que ficar aqui dentro.
Quando acordo estou de novo na sala. Luz sempre acesa, sem poder contar dias e noites. Fico ali o que parece uma eternidade. Anos depois, minha irmã me conta que meus pais não dormiam mais; minha mãe chorava o tempo todo, meu pai se trancou em um mutismo e não falava.
Já não sou mais interrogado. Prisão solitária. Um belo dia, alguém joga minhas roupas no chão e pede que eu me vista. Me visto e coloco o capuz. Sou levado até um carro e posto na mala. Giram por um tempo que parece infinito, até que param – vou morrer agora? Mandam-me tirar o capuz e sair da mala. Estou em uma praça com crianças, não sei em que parte do Rio.
Vou para a casa de meus pais. Minha mãe envelheceu, meu pai diz que não devo mais sair na rua. Procuro os amigos, procuro o cantor, e ninguém responde aos meus telefonemas. Estou só: se fui preso devo ter alguma culpa, devem pensar. É arriscado ser visto ao lado de um preso. Saí da prisão, mas ela me acompanha. A redenção vem quando duas pessoas que sequer eram próximas de mim me oferecem emprego. Meus pais nunca se recuperaram.
Décadas depois, os arquivos da ditadura são abertos e meu biógrafo consegue todo o material. Pergunto por que fui preso: uma denúncia, ele diz. Quer saber quem o denunciou? Não quero. Não vai mudar o passado.
E são essas décadas de chumbo que o Presidente Jair Bolsonaro – depois de mencionar no Congresso um dos piores torturadores como seu ídolo – quer festejar nesse dia 31 de março.

 

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Até amanhã meus fiéis seguidores.

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