segunda-feira, 30 de setembro de 2013

29 de setembro de 2013 (domingo)

          Anteriormente, eu havia tido sonhos com bons prognósticos. Não é que tive acontecimentos muito bons de 29 de agosto a 24 de setembro. No entanto, hoje também acordei muito tonta, ao ponto de não conseguir me levantar. Não sei qual é a causa. Só eu beber água que tenho vômitos. Joana ia à praia e não queria me deixar só. Ou então ela não iria à praia. Resolvemos que eu iria assim mesmo. Talvez melhorasse, porque ontem durante o dia melhorei. Levei umas torrads para eu ir comendo no carro. Assim eu fiz, comendo aos pouquinhos, dando pequenas mordidas. Deu certo. Não vomitei. Continuei tonta. Fui amparada o tempo todo na praia. Fui uma vez até a água. Mesmo amparada não consegui ficar, porque o mundo rodava. Na vola, já melhor fomos almoçar na casa de Ajurimar. Além dela, lá estavam Zeinho, Diogo, Elvira e Rogério e nós (Thiago, Joana e eu). O bacalhau estava gostoso. À noite, Thiago encomendou uma pizza qe eu não quis comê-la.

Abaixo vou transcrever mais um capítulo do livro: “ A maior história de todos os tempos: a própria vida” . O capítulo Um Prato de Comida foi escrito em 1964:


UM PRATO DE COMIDA


                Tio Henrique tinha lindos olhos azuis, seu cabelo claro fazia uma onda na frente da testa. Era cabo da Aeronáutica. Ele ficava tão bonito naquela farda. Eu, pelo menos, achava.

         Um belo dia, justo no dia do seu casamento ele não compareceu na igreja. Nunca disse porque deixou a noiva lá plantada. Ele se entregou ao mundo e à bebida. Foi preso e expulso da Aeronáutica.

         Ele era desenhista. Deixou de desenhar. Nunca mais trabalhou. Ficou entregue à bebida. Entrava em coma alcoólico. Ficava caído pelas calçadas. Dormia em bancos da praça.

         Até que sofreu um derrame. Dizem que ele havia acabado de almoçar, tomara um banho e deu o derrame. Ele caiu, embolou a língua e ficou com sequela.

         Mas continuava na mendicância, pedindo cachaça a um e outro. Ele era conhecido nos bolichos (*) de Campo Grande. Uns gostavam, ficavam com pena e davam cachaça: uma boa pinga! Outros o escorraçavam.

         Quando ele não conseguia comida na rua, ele ia lá em casa pedir comida. Minha mãe estava proibida de oferecer-lhe um prato de comida. Se ela o fizesse, ela levaria uma surra.

         “Uma boquinha. Um cadinho de nada!” Implorava meu tio. Mas meu pai era irredutível. Creio que não fosse por maldade.  Ele apenas queria impor limites ao meu tio.

         Certa vez minha mãe deu comida ao meu tio.  Papai soube e criou o maior barraco.  “Eu não dei ordem? Ordem minha é para ser cumprida. Se você me desobedecer uma vez mais, você vai ver do que sou capaz”.

          Isso tudo aconteceu com o próprio irmão e com a mãe de seus filhos.

            A frase do dia: :Sete anos é um tempo curto para mudar a consciência das pessoas, moldada há séculos por uma sociedade machista e patriarcal, que vê a mulher como objeto(LISBOA, Márcia, juíza juíza titular da a. Varade Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher in Jornal A Tarde).

A juíza comenta sobre a Lei Maria da Penha, que está em vigor há sete anos, que acumula xerca de 700 mil procedimentos judiciais – atendimentos, medidas de proteção e prisões – contra agressores de mulheres em todo o Brasil, de acordo com levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

          29 de setembro de 1941, Holocausto em Kiev: Einsatzgruppen C alemão começou o massacre de Babi Yar. Pelo menos 33771 judeus de Kiev e seus subúrbios foram mortos na ravina de  Babi Yar. Em 29 de setembro de 2010, descoberta de Glise 581 g, um planeta extra-solar potencialmente habitável, orbitando a estrela anã vermelha Gleise 581,que dista 20 anos-luz do Sistema Solar. Em 29 de setembro de 1927, nasceu o bicampeão brasileiro no salto triplo Adhemar Ferreira da Silva. Em 29 de setembro 1927, nasceu o jornalista e apresentador brasileiro Cid Moreira. Em 29 de setembro de 2012, morreu a cantora, atriz e apresentadora brasileira Hebe Camargo. Em 29 de setembro de 2013, morreu o ator brasileiro Cláudio Cavalcanti.

Uma boa notícia que deu no jornal A Tarde, de 29 de setembro de 2013, domingo: “Empregos – Estudo mostra áreas promissoras da economia criativa”. Um dos mantras do empreendedorismo diz que “a criatividade é a alma de qualquer negócio”. E é em áreas como música, artes cênicas, turismo, arttesanato, gastronomia e outras que fazem parte da economia criativa que essa mantra mais condiz com a realidade. Nos últimos anos, tais empreendimentos passaram a corresponder também às áreas de arquitetura, publicidade, jogos eletrônicos e negócios digitais.

Uma notícia ruim que deu no jornal A Tarde, de 29 de setembro de 2013, domingodo: “Bom Jesus da Lapa – Bandidos abrem celas com chave artesanal e fogem da cadeia”.

Li no Jornal A Tarde, de 29 de setembro de 2013, 5ª. feira, que trouxe a seguinte manchete: “Viagens Preço das passagens aéreas aumenta até 570% no final do ano”. O preço das passagens aéreas para o Natal e o Réveillon está até 570% mais alto no trecho entre Salvador e São Paulo, comparando-se com o que é cobrado um mês antes. A situação é semelhante em roteiros como Rio de Janeiro e Fortaleza.

Uma boa notícia que deu no jornal Folha de S.Paulo, de 21 de setembro de 2013, domingo:Estágios e Trainees – Ajudando a construir carreiras”. Programas oferecidos pelas empresas permitem o aprendizado e o desenvolvimento das competências necessárias para alcançar posições de liderança.

Uma notícia ruim que deu no jornal Folha de S.Paulo, de 21 de setembro de 2013, domingo::Cotidiano – Para cortar custos em voos, TAM desliga ar-condicionado e serve comida fria”.

Li o jornal Folha de S.Paulo, de 21 de setembro de 2013, domingo, que trouxe como manchete de capa:Cabos eleitorais de Dilma dizem ter recebido ‘por fora’ em 2010”. Cabos eleitorais de campanha de Dilma Roussef em 2010 que aparecem em documentos da Justiça Eleitoral como voluntários no segundo turno das eleições afirmam ter sido pgos pelo trabalho. Foram localizadas 12 pessoas nessas condições em Mato Grosso e no Piauí.

Fiz palavras cruzadas e sudoku.

Até amanhã meus fiéis seguidores!

                       
OBS.: Bolichos eram armazéns de secos e molhados naquele Mato Grosso dos anos 50 e 60.

sábado, 28 de setembro de 2013

27 de setembro de 2013 (6a. feira)


          Dei aula. Li o jornal e comecei a ler a revista Época. Vi televisão. Fiz palavras cruzadas e sudoku. Vim  para o computador. Eu me arrumei e fui para o Bradesco. Toc... toc... toc... Lá fui eu! Me esqueci que os bancos estavam em greve. Bati com o nariz na porta, embora os caixas eletrônicos estivessem funcionando eu não poderia falar com a gerente. Ela não estava lá. Botei ‘a viola dentro do saco’. Aí voltei, claro! Toc... toc... toc...

 Abaixo vou transcrever mais um capítulo do livro: “ A maior história de todos os tempos: a própria vida” . O capítulo A Melancia  foi escrito recentemente:

                              A MELANCIA

         Grande. Vermelha. Suculenta. Apetitosa. E os olhinhos da Vera brilhavam de ganância em comer a melancia. Primeiro teria que almoçar. E ela não queria. Quando sentávamos à mesa tínhamos de comer (menos mamãe; nunca a vi sentar-se à mesa conosco. Parecia uma escrava só servindo, servindo). Almoçamos todos, finalmente.

         Chegou a hora da sobremesa. Mas só à Vera foi ‘permitido’ comê-la. Alegre e satisfeita ela começou a comer a melancia; comeu até não querer mais. Qual não foi o nosso espanto quando papai fê-la comer mais. E mais. E mais. E mais. E ela não aguentava mais. Começou a chorar. Ela deveria ter uns 6 ou 7 anos. “Isso é para você aprender”, dizia meu pai sorrindo entre dentes. Mamãe interferiu: “Para, Sidney! Você não vê que a menina já comeu o bastante?”

         “Calha essa boca, mulher, senão vai sobrar pra você”. E a menina começou a vomitar, mas teve de comer a melancia toda. Não me lembro se estava inteira, se era meia ou um bom pedaço! Mas que foi uma atitude selvagem e ruim de meu pai, lá isso foi! Na cabeça dele, ele estava “educando”. Vera teve sorte que não levou uma surra, porque quando ele batia às vezes a criança desmaiava. Nós, as meninas nunca levamos uma surra dessas.

           A frase do dia: “Onde quer que você esteja, é o ponto de partida” (KABIR, poeta indiano apud Jornal A Tarde, Caderno 2, de 27-09-2013. Pág. 2).

            Para tudo que se quiser, não importa onde quer que estejamos, é possível se tomar uma decisão. Haja visto, no caso dos presidiários que, de dentro dos presídios, comandam ordens para os delinquentes que estão fora do presídio. Isto também acontece com o corpo corporativo. Um executivo pode decidir algo para a sua empresa mesmo estando em outra cidade.

         27 de setembro de 1290, um terremoto na Província de Hebei no Golfo de Chili, na China, matou cerca de 100 000 pessoas. Em 27 de setembro de 1825, inauguração da primeira linnha férrea do mundo. Em 27 de setembro de 1964, nasceu a ex-jogadora brasileira de vôlei Vera Mossa. Em 27 de setembro de 1971, nasceu o ator brasileiro Caco Ciocler. Em 27 de setembro 295, morreram os irmãos gêmeos, de origem árabe, martirizados na época de Diocleciano. Em 27 de setembro de 2005, morreu o comediante e ator brasileiro Ronald Golias. Hoje é comemorado o Dia da Doação de Órgãos, Dia do Cantor, Dia do Turismo e do Turismólogo, Dia de São Cosme e Damião.

            Uma boa notícia que deu no jornal A Tarde, de 27 de setembro de 2013, 6a. feira:Justiça – STF e TJ-BA mandam pagar perdas da URV a servidores”. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu estender o benefício do pagamento das perdas salariais geradas pela conversão da URV a todos os servidores públicos do País. O Supremo entendeu que estados e municípios deveriam ter corrigido os salários quando a moeda mudou de Cruzeiro Real para URV.

            Uma notícia ruim que deu no jornal A Tarde, de 27 de setembro de 2013, 6a. feirado: “Segurança – Presídios do sul baiano são palco de incidentes e irregularidades”. Com capacidade para abrigar 180 internos, mas com população de 388 presos, o Presídio Ariston Cardoso, em Ilhéus (a 467km de Salvador), virou alvo de sindicância esta semana, após A Tarde denunciar, anteontem, que os internos estariam utilizando a rede social Facebook para se comunicar, fazer apologia às drogas e ameaçar pessoas.

            Li no Jornal A Tarde, de 27 de setembro de 2013, 6ª. feira, que trouxe a seguinte manchete: “Trabalho – Crise na construção civil eleva taxa de desemprego”. A retração do setor de construção civil é apontada como principal responsável pelo aumento do desemprego em Salvador e região metropolitanal, segundo a Pesquisa Mensal do Emprego (PME) divulgada pelo IBGE. Em um ano, a construção civil perdeu 27 mil postos de trabalho na RMS, uma redução de 14% no volume total. De acordo com o IBGE, a taxa de desemprego atingiu, em agosto, 9,4% da população economicamente ativamente, a maior entre as seis regiões pesquisadas. É a primeira vez em dez anos que a RMS registra aumento na taxa de desemprego em agosto. As outras cinco regiões apresentaram o menor índice de desemprego no período, desde o início da pesquis, com média de 5,3%.

Li na Revista Época, de 23 de setembro de 2013, que trouxe a seguinte manchete em sua capa: “Inovações que mudaram o mundo”. Lista (do verbo listar) as 800 inovações que mudaram o mundo (transporte, comunicação, internet, política, guerra, esporte, espaço, meio ambiente, Apple, corpoação tecnologia, ciêcia, dinheiro, pensamento, design, moda, beleza, trabalho, casa, saúde, literatura, música, cinema, arte, humor, linguagem, jogos, lazer, família, amor e sexo). Dentro dessas áreas é qe foram listadas e comentadas as 800 inovações.

Até amanhã meus fiéis seguidores!
                      


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

26 de setembro de 2013 (5a. feira)

          Dei aula. Li o jornal e continuei a ler a revista Veja. Vi televisão. Fiz palavras cruzadas e sudoku. Vim  para o computador. Recebi um telefonema de uma avó para pagar as aulas de uma aluna que quase há três meses não vinha aqui. Eu até havia me esquecido. Ela ficou de vir aqui em casa. Não veio. Deixou no salão onde freqüento..aí fui lá buscar.

         Abaixo vou transcrever mais um capítulo do livro: “ A maior história de todos os tempos: a própria vida” . O capítulo Eu, Intimamente foi escrito em 1966:

            EU, INTIMAMENTE

I

Deitada em seu colo e embalada pela música de sua voz, caminhávamos sem destino pelas ruas do Rio de Janeiro. O balanço gostoso de seu carro rodando no liso asfalto e o afago de sua mão desocupada do volante em meu rosto, deixava-me ficar horas e horas assim. Quieta assim. Às vezes, um vento de setembro vinha beijar todo o meu corpo. Queria que fosse o beijo de seus lábios. E era da Natureza. Às vezes, adormecia. Ele, suavemente, dizia: “levanta, venha comigo ver as belezas da cidade. Você quer conhecer o Rio comigo”?

Passeávamos na beirada da praia. Praia era novidade para mim. De mãos dadas corríamos. Brincávamos. Coroa Grande. Coroa Grande? Sim, era esse o nome da praia. E ele me carregava no colo. Colocava-me no chão. O mar era imenso. Mas não podia ser maior do que aquilo que eu sentia dentro de mim. O que não sei. Era tão grande, tão imensuravelmente grande, tão ilimitadamente complexo. E existe. E ficou guardado no âmago de meu ser.

Naquelas lições sem malícia, naquelas lições da vida que com ele aprendi, guardei muita coisa. Colecionei muitas ambições como a de ser criança eternamente, a de ver um mundo fenomenal nas pequenas coisas, as pequenas recordações de nós mesmos. Seu carro era azul. Azul e branco. O mar era azul. O céu era azul. 

– Vamos para o céu comigo? ele sorrindo me perguntava.

E como era ir para o céu com ele?

Será que ir para o céu com ele, seria melhor que aqui na Terra? O vento audacioso levantava a minha saia. Banhava o meu corpo de carícias. O mar gritava ali perto e nossos corpos vinham juntos desde longe. Gritava o mar indefiníveis sons. Nós ríamos. Falávamos de nada e de tudo. Ruídos. Silêncio. Coroa Grande!

– Vamos voltar? 

E eu voltava. Tinha escondido comigo uma pedrinha que encontrara na praia. Guardei-a pela vida toda. Se naquele instante fora lembrança, talvez fosse meu sexto sentido da mulher que se prenunciava. Continuei carregando a pedrinha. Uma pedrinha que também ficou guardada dentro de mim.

Lá está, a minha pedrinha, bem escondida numa caixa de papelão no meu armário chaveado. A nossa pedrinha. Muito quieta e mansa lá ficou. Porém, estupidamente revoltante e triste também ficou a saudade.
II

Tinha onze anos talvez, quando li que se Deus não tivesse criado Paris, precisar-se-ia inventá-la. E na minha inocência e ingenuidade tão puras, comecei a imaginar Paris, querer Paris, amar Paris. Dez anos depois descobri se Deus não tivesse criado o Rio de Janeiro os homens precisariam fabricá-lo. É o lugar onde encontrei tudo que lera nos livros: amor, paixão, revolta, suicídio, grandeza, pobreza, beleza, céu, mar, terra, soldado, marinheiro, capitão, floresta, jardim, igreja, macumba, cemitério, flor, traição, bruxa, ódio, crime, sedução, mentira, dor...

Onde nasci e me criei, percebi que só havia céu e terra. Céu de muitos trovões que à noite chovia “chuva de pedra”, batendo nas latas de nosso “telhado” e invadia nosso quarto pelas frestas da parede, pelo teto incerto de latas. Eu morava num barracão e não sabia. Aquilo era a minha casa. Eu gostava dela. Gosto dela. Tenho saudades. A terra era vermelha. Sem asfalto o barro persistia. Mole e vermelho. Gostoso da gente pisar, brincar e até comer. Sabe? A gente fazia comidinha de barro para as visitas. Nossas visitas eram poucas: meu irmão, cinco porquinhos que tinham entrada franca pela cozinha. O Mulato, um cavalo baio. O sabiá. O tico-tico. O joão-de-barro. Bob, o cachorrinho bassé. Mimi, a gatinha malhada.

Minha casa tinha cisterna. E eu não sabia. Eu conhecia como poço d’água. Mais tarde, talvez com onze, doze anos, lendo a história de Rapunzel que deixara suas longas tranças crescerem tanto que batiam no fundo da cisterna... Daí, perguntei a papai ‘o que é cisterna’? Ele me explicou. Ele sabia tudo. Eu sabia nada. Ele sabia histórias bonitas. Aprendi que, como em Rapunzel, lá em casa tinha cisterna. Ela morava num castelo. E eu? Eu!? Caí na real.  

Era bom a gente espiar pelo buraco da parede o que os grandes faziam, com quem conversavam. Eu gostava da minha casa porque à noite a lua vinha dormir comigo. Mesmo pequena, não sonhava nem sequer morar em casas de tijolos. A minha era boa. Eu sabia que era pobre e pra que ter ambições se tudo era tão bom? Mas os livros que fui lendo, as revistas que eu via, iam, gradativamente, me proporcionando outra visão do mundo. O meu mundo era muito pequeno, povoado de fantasias. Eu mesma as criava. Tinha umas garrafas velhas que eu dava nomes de gente e criava situações para elas. De tarde punha “meus amigos” para dormir. Então deitava as garrafas. Quando elas tinham “fome” e as destampava e botava folha de maravilha. Como eram bonitas as maravilhas lá de casa! Elas nasciam sozinhas no meio do mato. Eram vermelhas, que mamãe as chamava de grenás. Ou grenás?

Eu também amei minha goiabeira. Trepava lá nas grimpas, só para espiar. Para cima, o céu. Para longe, o mato. Para perto, os nossos porcos. Ah, galinha não tínhamos, ave alguma. Mas o joão-de-barro ia enfeitar nosso quintal na jaqueira. Fazia umas casinhas sem janela, só com uma porta. E eu os via a namorar. Eram bonitinhos. Às vezes tinha vontade de ser como eles, brincalhões, espertos. O tico-tico era malandro como ele só: passeava pela cozinha. Só eu chegar perto, ele voava. E o sabiá? Todos iam morar ali por perto. Até gambá tinha. Fedia. Mas tinha. Tinha também o Mulato. Papai dizia que ele era um cavalo baio. Eu queria que ele fosse alazão. Mas até hoje eu não sei o que quer dizer alazão. Nem baio.

Talvez por causa disso tudo, é que eu gosto tanto dele (ele – não o cavalo). Ele me mostrou outro céu. O mar que eu não conhecia. Vi veleiros. Vi barquinhos. Vi peixes saindo da água vivos. Mas nunca chuva de pedra.

Minha casa no Rio de Janeiro nunca tivera buraco na parede...

III

Por que? Porque, porque... isso vem impresso em minha cabeça, como se fosse a memória de um computador. Só sei perguntar “por que?”. Não sei responder porque. Não dá para explicar. Não, não dá.

Uma cama bonita, a primeira que tinha um colchão decente, mas por que o sono não vem? É uma obsessão. É ele. O seu perfume. O seu hálito. O seu sorriso. Aquele sorriso está em todo lugar. No meu quarto, nos livros, na rua, na cara dos amigos, nas árvores da avenida. Tudo que é bonito tem um pouco de seu sorriso. A cabeça dói. O sono não vem. Viro daqui, viro de lá. De bruços. De costas. Cabeça para os pés da cama. Tiro pijama. Boto camisola. Não, não é. Tomo banho. O sono sumiu. Leio O Pequeno Príncipe. É chato. Amanhã tenho de me levantar de madrugada. Meu Deus... estou chorando! Chorando, por que? Tenho vontade de morder o travesseiro. Que desaforo! Quero. Eu o quero comigo. Quero ouvir sua voz. Nada além disso. Quero estar com ele. Sim, ele é isso. Tristeza. Tontura. As lágrimas teimam em descer desavergonhadamente.

Quem sou eu? Estive sempre com a sensação de estar apagada. Parece que começo a renascer para mim mesma. Tomo consciência o que conta realmente e o que vem de dentro. O que converge para o exterior. O instinto animalesco e a candura se misturam e se expandem. Antes, reprimia o instinto; talvez também por instinto. Sentir o ar da Zona Sul, cortar as sombras dos edifícios com o carro é como se eu penetrasse nas nuvens, caminhando convictamente para o céu. Flamengo de paralelepípedo, que fazia trepidar nosso carro, sacudindo-nos e ainda mais fortalecendo nossos instintos. Botafogo de casas antigas. Só conhecia casas novas, embora muitas delas fossem construídas de material velho. Botafogo penetrava em meus olhos. Ficava dentro de mim. Copacabana de bandeiras coloridas, de mulheres e homens coloridos pelo mar, sol e sal da praia. Ipanema de palmeiras. Parece filme. Leblon. Sonho. Barra da Tijuca. Boa Vista. Fontinha. Ele é verdade? Eu existo? Você existe? Estamos juntos?

O amanhã foi para mim sempre a esperança de um dia melhor, mais ameno, um dia de esperança. Mas quanto se enganava aquela menina tola e inexperiente. O amanhã é sempre a soma de mais dias vividos. E não há dia vivido que não tenha uma ponta de sofrimento. A vida é uma dor que temos de enfrentar incansavelmente, para que possamos suportá-la e vivê-la.

IV

A garganta doía-me. A voz era grossa e quase incompreensível. Começava já a emagrecer. Era a primeira a emagrecer. Era a primeira marca da luta que eu teria de enfrentar pela vida afora. Fui operada da garganta e de adenóide. Corria até à casa da Vó Tereza para que ela me contasse aquelas lindas histórias de fadas e príncipes encantados. Depois eu ganhava arroz carreteiro. Daquele que só ela conseguia fazer. Em minha casa era só arroz com feijão com muita água. Ou eu ia à casa da Vó Luzia. Ela não contava histórias. Mas tinha tantas coisas para nos dar: pamonha, curau, vatapá, carne assada, paçoca...

Vó Tereza descascava as laranjas fazendo-lhes pilão. Nunca vi depois alguém fazendo pilão em laranja. Uma faca afiadinha com ponta fina e a Vó dava uma volta na faca em rotação. Com carretéis ela fazia carrinhos para nós brincarmos.

Hoje, a vida tão cedo ainda, deixou-me uma coleção de amarguras. A Vó Tereza onde está?  Deus a levou. Foi a primeira vez que chorei desesperadamente. Uma tristeza profunda invadiu-me. Foi a primeira derrota que o destino me reservava. E de derrota em derrota, venho enfrentando essa vida tão difícil de ser vivida. Cadê o tio Henrique? Também ficou. Vô Clarimundo e suas estórias, os seus “causos” de mineiro que correu mundo. Mas cadê? Procuro a todos, mas não encontro. E a minha única boneca que tia Terezinha fez de pelego vermelho? Era uma bruxa. Mas eu a amei. Talvez por ter sido a única boneca que carreguei nos braços. Depois ganhei outras tão pequenas que se perderam no tempo. E que não consegui, na vida de criança, ter uma que fosse minha, que eu devesse chamá-la de “a minha criança”. Não poderei nunca dizer o meu filho! Desde cedo, o destino tirou-me dos braços o que todas as mulheres tiveram.

O meu quintal agora tem casas de aluguel. As “maravilhas” desapareceram. O Mulato morreu. O cavalo que tanto nos ajudou. Eu o considerava um irmão mais velho. O Bob, o meu cachorro malhado. Nunca mais vi cachorro malhado. Mas ele era. Quando eu era criança, não sabia que existia gente preta ou branca. Todos eram iguais. Nunca tinha reparado, quando na Escola Pública aprendi na Cartilha que no mundo existiam três raças. Mesmo assim nunca dei importância. Mas agora, e agora? Eu sei que o preconceito de cor existe no mundo inteiro. Por que? Não sei, não sei. O mundo, o meu mundo mudou enormemente. Não podia mudar. Não devia mudar. Não queria isso, porque meu avô materno continuou negro casado com uma mulher de olhos azuis. Meu avô paterno de olhos azuis era casado com uma mulher morena de olhos castanhos.

Não queria isso. Agora só queria ele.

Até ele mudou.

Talvez ele fosse sempre mudado!

Ele já era adulto!

           A frase do dia: “Aprendi com as primaveras a me deixar cortar para voltar sempre inteira (MEIRELES, Cecília, escritora brasileira apud Jornal A Tarde, de 26 de setembro de 2013.  Pág. 2).

            É uma associação bonita que Cecília Meireles fez com a poda das árvores na primavera e o sentimento e emoções. “Cortar” quer dizer se desfazer das coisas que atravancam a nossa caminhada. Só assim a gente pode se refazer e tornar inteira.

          26 de setembro de 1909, fundação do cinema mais antigo do mundo, o Kino Pioneer (Cine Pioneiro), por Albert Pitzke na cidade alemã de Stettin (atualmente SZczecin, na Polônia). Em 26 de setembro de 1983, Stanislav Petrov evitou início de conflito nuclear com os Estados Unidos. Em 26 de setembro de 1936, nasceu o escritor brasileiro Luís Fernando Veríssimo. Em 26 de setembro de 1940, nasceu o ator brasileiro Cláudio Marzo. Em 26 de setembro 2000, morreu o violonista brasileiro Baden Powell. Em 26 de setembro de 2001, morreu o escritor e diretor de telenovelas Walter Avancine. Hoje é comemorado o Dia do Profissional de Relações Internacionais e Dia Interamericano do Profissional de Relações Públicas.

Uma boa notícia que deu no jornal A Tarde, de 26 de setembro de 2013, 5a. feira:Cinema – Filme baiano Depois da Chuva ganha três prêmios em Brasília”. Filme conquista prêmios de Melhor Ator, Roteiro e Trilha Sonora em festival cujo grande vencedor foi o longa Exilados do Vulcão. Com três troféus Candango, o longa-metrage baiano, de Cláudio Marques e Maríli Hughes, foi um dos mais premiados na festa de encerramento do 46°Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que invadiu a madrugada ontem. O grande vencedor foi o drama experimental Exilados doVulcão, de Paula Gaitán.

Uma notícia ruim que deu no jornal A Tarde, de 26 de setembro de 2013, 5a. feirado: “Desrespeito – Bahia ocupa o 2º. lugar no País em mortes por violência contra mulher”. A Bahia é o segundo estado com o maior número de casos de morte de mulheres decorrente de violência doméstica. Entre os anos de 209 e 2011, o estado registrou uma taxa de feminicídeos de 9,08 casos por 100 mil mulheres. A Lei Maria da Penha, criada para coibir este tipo de violência, foi sancionada em 2006.

Li no Jornal A Tarde, de 26 de setembro de 2013, 5ª. feira, que trouxe a seguinte manchete: “Infraestrutura – Obras ameaçam festa de Réveillon no Farol da Barra”. As obras de requalificação da orla, que começarão na semana que vem e têm previsão de término para mio de 2014, ameaçam a realização da tradicional festa de Réveillon deste ano no largo do Farol da Barra. Segundo o secretário municipal da Casa Civil, Albérico Mascarenhas, a prefeitura já estuda outro ponto para a realização da festa: Rio Vermelho ou Jardim de Alah.

Li na Revista Veja, de 25 de setembro de 2013, que trouxe a seguinte manchete: “Brasília, 18 de setembro de 2013”. A Justiça se curva. Os mensaleiros riem. O Supremo Tribunal Federal reabre o julgamento e pode livrar os chefes mensaleiros da prisão – o que será a mais cristalina demonstração de que os poderosos continuarão trinfando sobre a Justiça.

Veio acompanhando a revista uma edição especial de Os 45 primeiros anos de Veja. Muito boa a Edição Especial. Fez com que eu revolvesse o passado e recordasse de minhas vivências. Ainda estou lendo porque são 290 páginas!

Até amanhã meus fiéis seguidores!


quinta-feira, 26 de setembro de 2013

25 de setembro de 2013 (4a. feira)

          Fui à Academia. Dei aula. Li o jornal e a revista Isto É. Vi televisão. Fiz palavras cruzadas e sudoku. Vim  para o computador. Logo após o almoço fui à Lotérica. À noite, fui ao Pilates. Ontem fiz as unhas.

         Abaixo vou transcrever mais um capítulo do livro: “ A maior história de todos os tempos: a própria vida” . O capítulo Amor de Verdade foi escrito em 1960:
                                               AMOR DE VERDADE

Nair Vieira de Rezende
Escrito aos 17 anos (quase 18)

Embora prematuramente, estávamos preparados para o amor; não para o casamento! Éramos jovens demais para uma responsabilidade tão grande como aquela!

Adorávamo-nos! A única felicidade era estarmos juntos. Todas as vezes que tentavam nos separar sofríamos, ficávamos nervosos e angústias nos envolviam. “Nada do que poderia acontecer entre nós seria capaz de estar errado, desde que um de nós deixasse de gostar do outro”. Mas isso jamais aconteceria.

Para nossos pais e talvez para os outros, fôssemos crianças. Para nós, éramos adultos e planejávamos o nosso futuro com todo o cuidado para que fôssemos os mais felizes sobre a Terra.

Sem que ninguém soubesse, éramos eu e ele os mesmos até o dia do nosso casamento. E ninguém soube, ninguém sabia o que nos acontecera... Só nós dois. Sempre nós dois!

Aquele amor terno, por vezes errado (para os olhos dos outros), mas sempre firme e concreto (para nós).

E nosso futuro chegou. Chegou como queríamos, embora a nossa juventude tivesse sido violada por nós mesmos! Mas era amor. Um amor louco, por certo. Mas amor de verdade!

           A frase do dia: “Nunca houve no mundo duas opiniões iguais, nem dois fios de cabelo ou grãos. A qualidade mais universal é a diversidade” (MONTAIGNE, Michel de, político, filósofo, escritor e cético francês apud Jornal A Tarde, Caderno 2, de 25-09-2013. Pág. 2).

            Michel de Montaigne quis valorizar a diversidade. Há até a quiromancia que “traduz” os traços das mãos em uma nova interpretação, em explicar o estado das pessoas, mostrando sentimentos, emoções, trabalho, fortuna e saúde, porque cada palma da mão entre as diversas pessoas é diferente e, na mesma pessoa, a mão direita traz o que a pessoa iria ser ou ter no futuro, enquanto que a mão esquerda traz o momento real que a pessoa está passando. As pessoas agem diferentemente diante de uma mesma situação. A diversidade, portanto, está presente em cada um de nós.
       Michel de Montaigne

            Conforme a Wikipédia, “a ideia de diversidade está ligada aos conceitos de pluralidade, multiplicidade, diferentes ângulos de visão ou de abordagem, heterogeneidade e variedade. E, muitas vezes, também, pode ser encontrada na comunhão de contrários, na intersecção de diferenças, ou ainda, na tolerância mútua”.

          25 de setembro de 1935, Assis Chateaubriand inaugurou da PRG-3, Super Rádio Tupi do Rio de Janeiro.
 Em 25 de setembro de 1967, Carlos Lacerda e João Goulart emitiram nota conjunta no Uruguai, defendendo a Frente Ampla. 


  • Em 25 de setembro de 1884, nasceu o médico, professor, antropólogo, etnólogo e ensaísta brasileiro, considerdo o pai da radiodifusão no Brasil Roquette Pinto.
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    Em 25 de setembro de 1897, nasceu a escritor americano, ganhador do Nobel de Literatura em 1949 William Faulkner. 

    Em 25 de setembro 1933, morreu o físico e matemático austríaco Paul Ehrenfest. 
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    Em 25 de setembro de 1999, morreu a escritora americana, autora de As Brumas de Avalon Marion Zimmer Bradley.
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    Born Marion Eleanor Zimmer

    Uma boa notícia que deu no jornal A Tarde, de 25 de setembro de 2013, 4a. feira:Congresso – Profissão de vaqueiro é regulamentada pelo Senado”. Com discrsos que citavam trechos de repentes e rimas do Norte e do Nordeste, os senadores aprovaram hoje o projeto de lei que regulamenta a profissão de vaqueiro. Pelo texto, eles passam a ter direito a seguro de vida e acidente do trabalho, além de ressarcimento de despesas médicos e hospitalares decorrentes de acidentes de doenças e acidentes ocupacionais. O projeto aprovado pelo Senado segue para sanção da presidente Dilma Roussef. São considerados vaqueiros os profissionais “qualificados para a lida com rebanhos bovinos, eqüinos, caprinos e de búfalos”, entre outros. A categoria tem entre as suas atribuições alimentar e cuidar dos animais e realizar ordenhas. A contratação dos serviços de vaqueiro, pela proposta, é de responsabilidade do administrador.

    Uma notícia ruim que deu no jornal A Tarde, de 25 de setembro de 2013, 4a. feirado: “Porto de Salvador – Conclusão de terminal passageiro é adiada de novo”. A conclusão das obras do terminal de passageiros do Porto de Salvador sofreu adiamento. A previsão agora é que fiquem prontas em janeiro. Até lá, turistas desembarcarão em estrutura provisória.

    Li no Jornal A Tarde, de 25 de setembro de 2013, 4a. feira, que trouxe a seguinte manchete: Ilhéus – Presos usam Facebook para se comunicar”. O Ministério Público da Bahia e a Secretaria de Administração Prisional vão apurar denúncia feita por policial de Ilhéus, na qual detentos do Presídio Ariston Cardoso estariam usando celulares para postar mensagens no Facebook e fotos com siglas de facções criminosas, além de ameaças e de incentiv ao uso de drogas. Casos semelhantes já ocorreram em pelo menos três estados, além da Bahia. O presídio tem 380 presos. A promotoria avalia que há indícios de apologia ao crime.

    Li a Revista Isto É, de 25 de setembro de 2013, que trouxe como manchete principal de capa: “A nova Batalha de Joaquim”. Derrotado, o presidente do STF enfrenta agora a missão de conduzir de conduzir o julgamento dos mensaleiros sem atropelar direitos nem permitir a impunidade. Trouxe, também, como matéria de capa: “Religião – O sucesso e o poder das pastoras nas igrejas evangélicas”. E o entrevistado da semana é o humorista Gregório Duvivier. Ele faz parte do grupo Porta dos Fundos, que já foi até festejado pelo “The New York Times”.

    Até amanhã meus fiéis seguidores!