terça-feira, 17 de setembro de 2013

16 de setembro de 2013 (2a. feira)

           Fui ao Bradesco e à Lotérica. Dei aulas pela manhã e à tarde. Ando muito esquecida. Às vezes, tenho amnésia (mas só para assuntos recentes). Os fatos antigos estão registrados em minha mente.

          Abaixo vou transcrever mais um capítulo do livro: “ A maior história de todos os tempos: a própria vida” , o capítulo Gênese: Eu sou  eu foi escrito em 2001.

Gênese: Eu sou  eu

Eu fui um bebê, uma criança, uma adolescente; daqui a alguns anos serei uma pessoa idosa.  Mesmo sendo tão diferente do que era
 e sabendo que vou ser ainda mais diferente,
 não sou nem serei outra pessoa – sou sempre eu. Completamente diferente
 de todas as outras pessoas que existem.

(Adapt. De David McCord)

29 DE AGOSTO DE 1943. Nasci.  De parto normal – dizem que fui uma linda menina. Fui a quase primogênita. Porque a primogênita mesmo só teve uma hora de vida. Chamava-se Maria José. Morreu de um tombo que minha mãe tomara. Como primogênita “emprestada” fui criada com todo o carinho que é reservado às primeiras filhas, às primeiras netas, às primeiras sobrinhas...

Meu pai me deu o nome de Nair Vieira de Rezende. Nair porque era o nome de uma antiga namorada dele. Foi a primeira grande briga de minha mãe com meu pai. Ela descobriu essa traquinagem quando eu já estava com uns três meses de idade. Registrada no cartório da cidade e batizada. Não levei o nome de minha mãe (Nolasco).

O Vieira de Rezende é todo o sobrenome de meu pai – que ainda é vivo. De meu avô, mas não de meu bisavô paterno. Dizem que meu bisavô, Honório do Amaral andava corrido da polícia. Ele havia assassinado um homem e não podia dar o nome ao meu avô quando este nascera porque senão seria descoberto. Então deu todo o sobrenome da minha bisavó Eulália: Vieira de Rezende.

Quando eu nasci meu pai tinha 25 anos e minha mãe apenas 19. Ela se casou com 17 anos. Aos 18 teve a Maria José e um ano após eu. Nasci numa velha “casa” de dois cômodos, de madeira, chão de terra batida, no Bairro de São Francisco (antigo Cascudo), na cidade de Campo Grande, que depois se tornaria capital de Mato Grosso do Sul; mas quando nasci o Estado não havia sido dividido, o que ocorreria só em 1977.

Meu pai trabalhava nos Serviços Gerais da Casa Nasser, de uns turcos emergentes da cidade. Mamãe era dona-de-casa. Sair para trabalhar, nem pensar.  Anos mais tarde papai foi trabalhar como autônomo com vendas de frutas, queijo e manteiga. Eu me lembro que o estoque de manteiga ia até o teto da casa e queijo e requeijões ocupavam prateleiras e prateleiras...

Com mais ou menos dois anos eu e meus pais fomos morar no Paraguai, em Assunción. Nesta época, já existia meu irmão César que é mais jovem que eu apenas um ano e vinte dias. Papai foi ser Guarda Nacional do recém-criado Território de Ponta Porã (que já não existe). Ele até hoje se orgulha desse tempo. Guarda sua farda, que se compõe de paletó, culote e condecorações.
          
Era plena Segunda Guerra Mundial.

Nasci no ano em que Mussolini caiu e a Itália, uma das forças do Eixo, assinou a rendição (o armistício) com os aliados. Nasci no ano em que ocorreu o fim do Gueto de Varsóvia. Dos judeus que lá estavam confinados sem direito a trabalho, higiene ou alimentação, restaram 56.055 cadáveres. Segundo os oficiais nazistas, ainda havia a possibilidade de alguns corpos estarem apodrecendo sob os escombros.

Nasci no ano em que o presidente Getúlio Vargas promulgou a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) em primeiro de maio e passou a vigorar em 10-05-43. Um golpe militar liderado pelo ministro da Guerra, Pedro Pablo Ramirez, derrubou o governo argentino em 4 de junho. O presidente ultraconservador Ramón Castillo era acusado pelos golpistas de estar tramando uma fraude eleitoral para beneficiar Robustiano Padrón Costas, candidato a sua sucessão. Entre os homens fortes do governo está o coronel Juan Domingo Perón, que assumiria o ministério do Trabalho e da Previdência Social. Perón chocou os meios militares do país ao se casar com Eva Duarte, uma atriz de radionovela de segunda linha, mas muito carismática.

Nasci no ano em que um grupo de intelectuais e políticos mineiros divulgou um manifesto no qual pedia o fim da ditadura de Getúlio Vargas. Nasci no ano em que o governo brasileiro lançou uma campanha para o combate ao Eixo na II Guerra Mundial. Com slogans como Abrindo caminho para a vitória e O Brasil de hoje defende o Brasil de amanhã, o general Eurico Dutra, fundador da Força Expedicionária Brasileira (FEB), pretendia levar 100 mil homens para o palco de operações. O governo americano forneceria equipamentos e treinamento à tropa.  Como já ocorria nos Estados Unidos, o Brasil começou a vender bônus de guerra, que renderiam 6% ao ano.

Nasci no ano em que nasceram Janis Joplin, Mick Jagger, Clara Nunes, Catherine Deneuve e Keith Richards. Nasci, quando também nascia Edu Lobo, no mesmo dia, mês e ano. Nasci no ano em que morreram a escultora Camille Claudel, discípula de Auguste Rodin; o compositor russo Serguei Vassilievich Rachimani, autor do Concerto no. 2  para Piano e Orquestra.

Quando a Guerra corroía o ser humano, matava inocentes, vivia à custa de líderes ensandecidos, meu lar vivia a alegria do nascimento de sua filha. Um ano após, a 20 de setembro de 1.944, nascia meu irmão César Vieira de Rezende. Muito louro, tez muito branca, magro e comprido. Hoje, continua magro e comprido, com quase 1m90, vive em Brasília, é doutor em Administração Pública e advogado, especialista em Direito Tributário.

Quando eu ainda não tinha quatro anos, veio ao mundo a minha irmã Alzira Vieira de Rezende. Dada a precariedade em que vivíamos e a incapacidade de dr. Diôscoro, ela veio a falecer antes de completar três anos.

Quando eu tinha seis anos, eis que surge mais um irmão: Renato Vieira de Rezende. Também de parto normal. Também com a parteira D. Basília, que ajudou minha mãe a ter Maria José, eu, César e Alzira. Renato hoje é aposentado da Embratel e continua atleta no Rio de Janeiro. Já representou o Brasil em vários países como Estados Unidos, Argentina, Chile e Paraguai.

Aos nove anos, ganhei uma irmãzinha. Era a Vera Lúcia Vieira de Rezende.  Eu é que cozinhei nesse dia. Imaginem só! Eu me lembro desse dia. Mas como cozinhei se hoje não consigo fritar nem um ovo?  E meu almoço foi elogiado! Vera é Gerente de um Restaurante no Rio de Janeiro.

Com quinze anos ganhei um irmão: o Sidney Nolasco de Rezende. O único que não veio pelas mãos de D. Basília. O único a levar o nome de minha mãe.  Nasceu em hospital. Meu pai chegou com a boa nova: “É um meninão”, dizia-nos ele todo cheio de orgulho. Olhei. Vi. Examinei com o olhar e o achei tão miúdo, tão pequenininho.  Hoje ele é repórter da TV Globo e da TV Globo News, além de ser repórter de rádio.  É jornalista pela PUC/RJ.

Vocês pensam que a prole parou por aí? Já no segundo casamento, nasceu Alda Aparecida Brum de Rezende.  É a única (além de mim) que mora em Salvador e – para  variar – é professora.  E de História.

Naqueles idos, tempo de guerra e pós-guerra não existiam brinquedos para vender. Só armas. Nunca tive boneca. Só anos mais tarde, lá pelos 13 anos é que ganhei uma boneca de plástico. Eu a tenho até hoje. Foi a única. As demais foram feitas pela minha avó Teresa e pela minha tia Teresinha. Eram lindas bonecas de pano. Que depois eram abertas com faca e minha avó dizia assim: “veja o sangue dela”. Eram feitas com enchimento de crina animal tingida de vermelho ou lã de carneiro.

Meus irmãos ganhavam carrinhos feitos com rodas de carretel de linha e latas de azeite (chamávamos o “óleo” de “azeite”). Eram carrinhos que César andava puxando com uma linha amarrada no carro e Renato examinava, examinava o carrinho e também puxava por um fio. Brincávamos com gravetos, pedrinhas e garrafas. Nossa imaginação transbordava. Inventávamos histórias que depois acreditávamos nelas.

Foi um tempo de ingenuidade, que não sei se as crianças hoje em dia continuam ingênuas assim até os oito/nove anos. É um tempo em que ficávamos horas observando as formiguinhas indo e vindo em seus caminhos. Observávamos o beija-flor que vinha beijar as flores ou o vaga-lume que, com sua luz passeava em nosso imaginário, criando lindas e fantasiosas histórias.

        Brincávamos debaixo das goiabeiras, jaqueiras, mangueiras ou jamelãozeiras. Ali imaginávamos coisas, situações, histórias,... Dávamos nome de gente às garrafas.  Me lembro de Fred. Era uma garrafa verde, dessas de vinho, magras e altas. Fred ia à cidade, fazia compras, montava cavalo, ia à fazenda... Tinha o Guido: era outra garrafa!

Naquele mundo do faz-de-conta viajávamos em nossa fantasia. Mas existia um mundo prático por trás disso: meu pai deixava obrigações para a gente cumprir. Por exemplo, catar goiabas podres para dar para os porcos, as boas seriam para vender ou para fazer doce no tacho de cobre, ou varrer o quintal, ou lavar os queijos, ou separar as garrafas de mel...

Nós brincávamos, brincávamos, quando víamos nosso pai vindo lá longe, corríamos para cumprir a obrigação. Se não cumpríssemos o castigo era maior, mais coisas para fazer. 

       A frase do dia: “Os homens podem dividir-se em dois grupos: os que seguem em frente e fazem alguma coisa e os que vão atrás a criticar” (SÊNECA, filósofo Eduardo apud Jornal A Tarde, de 16-09-2013).


        A História está cheia de representantes do primeiro grupo e também os do segundo grupo. Na vida comum os do segundo grupo superam os do primeiro.

          16 de setembro de 1908, General Motors foi fundada por William Durant. Em 16 de setembro de 2004, a Assembleia da República de Portugal aprovou, por unanimidade, traslado dos restos mortais de Manuel de Arriaga para o Panteão Nacional de Santa Engrácia. Em 16 de setembro de 1914, nasceu o cantor e compositor brasileiro Lupicínio Rodrigues. Em 16 de setembro de 1925, nasceu o cardeal brasileiro Dom Frei Lucas Cardeal Moreira Neves. Em 16 de setembro de 1896, morreu o compositor brasileiro Carlos Gomes. Em 16 de setembro de 1977, morreu a cantora lírica americana de origem grega Maria Callas. Hoje é comemorado o Dia da Independência do México e Dia Internacional da Camada de Ozônio e Ozonosfera.

             Uma boa notícia que deu no jornal A Tarde, de 16 de setembro de 2013, 2a. feira:Produção – Certificação abre novos mercados para o setor de algodão”.

Uma notícia ruim que deu no jornal A Tarde, de 16 de setembro de 2013, 2a. feira: “Tragédia – Mau tempo mata nove pessoas e desaloja seis mil no México”.

Li no Jornal A Tarde, de 16 de setembro de 2013, 2a. feira, que trouxe a seguinte manchete: “Consumidor – Médicos saem de planos e prejudicam usuário”. Sob a alegação dos baixos valores pagos pelos planos de saúde, os médicos estão migrando das operadoras para o atendimento particular. O descredenciamento dos profissionais prejudica os usuários. Eles pagam mensalidade às operadoras de saúde e têm dificuldade para continuar a ser atendidos por médicos de sua confiança.
                                  
Fiz palavras cruzadas e sudoku.


 Até amanhã meus fiéis seguidores!    

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