segunda-feira, 28 de outubro de 2013

27 de outubro de 2013 (domingo)


           Ontem minha nora Fernanda e meu filho João Gilberto saíram à noite para dançar, às 23 horas. Eram 23h30min e nada de João Gabriel dormir. Até que em certo momento ele falou assim: “não consigo, vovó”. “Você não consegue dormir? Deita aqui pertinho da vovó que daqui a pouco você estará dormindo”. Foi como um  passo de mágica. Olhei para o lado e ele dormia feito um anjinho. O dia hoje, tal qual ontem, amanheceu lusco-fusco, com uma temperatura agradabilíssima. Fomos almoçar fora no Restaurante Cavalinos, na Taquara, em Jacarepaguá. Fomos eu, João Gilberto, João Fernando e João Gabriel. Como entrada comemos massa de pizza, tomamos suco de laranja, e como prato principal, medalhão de frango e arroz marinado com batatas fritas. João Gabriel comeu só o arroz com fritas. À noite, João Gilberto me trouxe para a casa da Vera. Levou 40 minutos de Jacarepaguá até Botafogo. Um bom tempo porque de ônibus levaria umas duas horas. Como refeição da noite chupei uma laranja e comi um pedaço de torta.

          Abaixo vou transcrever mais um capítulo do livro:A maior história de todos os tempos: a própria vida” . Leiam a crônica Saudade:

         SAUDADE


Juliana, minha sobrinha, filha da Vera Lúcia, foi criada por mim, pela Vera e pela mamãe nos seus primeiros anos de vida. Digo criada também por mim porque quando eu comprava uma coisa para João Gilberto, comprava para ela. Quando eu ia levá-lo para o cinema, praia, parque ou teatro também a levava. Tudo fazíamos juntos. Troquei muita fralda, eu já dei muito banho, troquei roupinhas, ensinei os deveres da escola... e, sobretudo dei muito amor.

 

No dia 26 de janeiro de 1984 eu me mudei do Rio de Janeiro para Salvador e, desta vez, não compartilhamos a mesma convivência. Eu vim sozinha sem o meu filho e sem ela. Um mês depois veio meu filho e ela não. Foi uma dor muito grande. Eu me senti muito sozinha. Chorava por causa dela. Quando chegava o entardecer batia aquela saudade! Eu a tinha abandonado. Aquela sensação de abandono me corroeu a alma por vários anos. Sentia remorsos. Não me perdoava por tê-la deixado no Rio de Janeiro.

 

Vim para ficar só dois anos. Lá se vão quase trinta. E, por sua vez, ela também se sentia abandonada. Foi muito difícil para nós duas. E para João Gilberto também. No primeiro ano de Salvador fomos morar num bairro chamado Chame-Chame. E não havia uma criança sequer para ele brincar. Vivia tristinho. Veio Alda, minha irmã, morar conosco. Ela estava com 12 anos. Foi também quando nasceu minha filha Joana. Em seguida nos mudamos para o bairro chamado Barris. Lá era um bairro mais popular, que, no entanto, João Gilberto se deu bem. As crianças brincavam na rua.

 

Passados alguns anos Juliana veio nos visitar. Brincaram e brigaram muito. Mas foi saudável. Lá já estavam Bel e Vanúzia respectivamente com 17 e 15 anos. João Gilberto com 13 anos, Alda com 14, Juliana com 12 e Joana com 2 anos. Foi uma turminha animada. Eu administrava essa turma toda a distância. Era  por telefone, ficava, às vezes o dia todo no Banco e, às vezes, vinha almoçar em casa. Quando Juliana retornou para o Rio de Janeiro bateu a saudade de novo.

 

Sabia que eu fizera muito mal a ela. É como se fosse uma mãe deixando pra trás a sua filha. Nunca deixei de amá-la apesar de ter sido muita danada e inconsequente às vezes. Porém ela sentiu mais, porque foi a única vez que ela teve de repetir o ano na escola. Conversando hoje com ela, sei que foi traumático. O amor entre duas pessoas quando distantes gera saudades...

Saudades

                                                              Clarice Lispector



Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...

Sinto saudades da minha infância,
do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...

Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado
e apostando no futuro...

Sinto saudades do futuro,
que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e nem apareceu;
de quem apareceu correndo,
sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!

Daqueles que não tiveram
como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre!

Sinto saudades de coisas que tive
e de outras que não tive
mas quis muito ter!

Sinto saudades de coisas
que nem sei se existiram.

Sinto saudades de coisas sérias,
de coisas hilariantes,
de casos, de experiências...

Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia
e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!

Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!

Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,

Sinto saudades das coisas que vivi
e das que deixei passar,
sem curtir na totalidade.

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...
não sei onde...
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades
Em japonês, em russo,
em italiano, em inglês...
mas que minha saudade,
por eu ter nascido no Brasil,
só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
espontaneamente quando
estamos desesperados...
para contar dinheiro... fazer amor...
declarar sentimentos fortes...
seja lá em que lugar do mundo estejamos.

Eu acredito que um simples
"I miss you"
ou seja lá
como possamos traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima corretamente
a imensa falta
que sentimos de coisas
ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito
o que tivemos
e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência...



 
A frase do dia:É aquela história: a velhice é muito ruim, mas é melhor do que não chegar à velhice(VERÍSSIMO, Luís Fernando, escritor, que aos 77 anos continua em atividade apud Revista Isto É, de 23 de outubro de 2013. Pág. 36).

27 de outubro de 1912, inaugurado o bondinho do Pão de Açúcar no Rio de Janeiro, único totalmente transparente. Em 27 de outubro de 1965, o presidente Castello Branco decretou o AI-2: estabelecimento de eleições indiretas e cassação dos partidos políticos são suas principais medidas. Em 27 de  outubro 1858, nasceu o presidente dos Estados Unidos Theodore Roosevelt. Em 27 de  outubro de 1892, nasceu o escritor brasileiro Graciliano Ramos. Em 27 de  outubro de 2007, morreu o cineasta e roteirista ítalo-brasileiro Raffaele Rossi. Em 27 de outubro de 2012, morreu a atriz brasileira Regina Maria Dourado.

            Li a Revista Isto É, que trouxe a entrevista com Zico. O ex-jogador conta como o regime militar influenciava o futebol e diz que o esporte perdeu craques e público por falta de organização. Trouxe como chamada de capa “Esta Geração Vai Mudar o Mundo”. Como os jovens estão transformando a maneira de se relacionar, trabalhar, fazer políticas e negócios. Pesquisa global mostra que a juventude brasileira é mais otimista empreendedora e mais ambiciosa do que a média mundial. O que isso representa para o País?

 

            Até amanhã meus fiéis seguidores!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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